
Dia Universal dos Direitos da Criança
Em 1959, no dia 20 de novembro, a Assembleia das Nações Unidas aprovou a Declaração dos Direitos da Criança.
Em 77 palavras, os alunos de 7.º ano escreveram sobre um direito, defendendo-o,
reclamando-o ou simplesmente apreciando-o.
1
Emília D.
Foi uma história marcante aquela que me revelaram.
Hoje conheci uma pessoa que me contou um pouco de si. Foi traumatizante. Soube que, quando era pequena, fora abandonada e deixada num orfanato. Lá exploravam-na, punham-na a trabalhar até não aguentar mais. A única coisa que lhe davam para comer era um prato de arroz ao almoço e outro ao jantar.
Na minha opinião, ninguém deveria passar por uma situação horrível assim. Ninguém deve ser vítima de crueldade.
2
Fernando D.
Eu chamo-me Ferran Pérez. Tenho 18 anos e este é o meu relato de como a cidadania portuguesa me foi negada por falta de ligação a Portugal.
Sou espanhol e morei em Bilbau. Em 2016, acabei por me mudar para Braga, cidade dos meus avós. Tinha 17 anos. A primeira coisa que fiz, quando cheguei a Portugal, foi tratar dos meus documentos, mas não consegui a cidadania portuguesa.
Todos temos direito a uma. Sou neto de portugueses.
3
Isaac V.
Sabia quais eram os meus direitos. Embora fosse novo, ainda ninguém me tinha convencido de que não me conseguia defender.
No primeiro dia do primeiro ano, ia eu para a escola e ouvi uns meninos mais velhos a dizerem que eu não podia frequentar aquele ano porque não tinha altura suficiente.
Eu já tinha comprado os livros e conhecia muito bem o direito que todos têm à educação.
Voltei-lhes as costas e fui-me embora para a sala.
4
Leonor P.
Eram cinco da manhã quando vi aquele menino. Perguntei-lhe onde ia tão cedo. “Vou para o trabalho”, disse ele num tom cansado de quem não dormiu. “Mas as crianças não podem trabalhar!”, protestei.
O seu nome era Pedro, tinha 11 anos e trabalhava no campo. Falei mais um pouco com ele. Contou-me que não ia às aulas há meses.
Denunciei a situação à CPCJ. Agiram e foi feita justiça, pois ele só voltou a trabalhar anos depois.
5
Maria Inês F.
Tinha apenas 12 anos em 1939 e, dada a situação do país, teve de fugir com a família para Inglaterra. Deixou a sua cidade, Berlim, a casa e os amigos.
Apesar de a sua situação em Inglaterra ter melhorado, nunca conseguiu esquecer os traumas que viveu. Como quando a proibiram de andar de transportes públicos e também de frequentar as piscinas municipais.
Achava a vida tão estranha. Deveríamos ter todos os mesmos direitos independentemente da nossa origem.
6
Naiara S.
Andavam ambas na mesma turma. Eram grandes amigas, mas muito diferentes. Uma era privilegiada perante o mundo: branca, bonita e rica. A outra tinha pele escura, era cheiinha e pobre.
Certo dia, depois de uma aula de Educação Física, nos balneários, uma aluna reparou que o seu anel desaparecera. Contou às colegas e algumas acusaram, sem provas, a aluna negra. Ninguém merece ser vítima de tamanha injustiça.
Mais tarde, soube-se que a culpada fora a aluna rica.
7
Teresa R.
Acabara a visita no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, estava com a cabeça pesada e o pensamento a mil.
Não conseguia esquecer as atrocidades cometidas, as mortes aos milhares, a roupa e o calçado queimados, as joias roubadas, as almas perdidas. Pensara por muito tempo e perguntava-se pelos direitos daquelas vítimas.
Com o bilhete da visita na mão, naquele momento, agradeceu por se sentir protegido contra qualquer forma de discriminação racial, religiosa ou de qualquer outra natureza.
Com apenas 77 palavras, os alunos de 7.º ano escreveram histórias contadas a partir do seguinte percurso de palavras:
Leitão → rolha → almofariz → despertador → bola de ténis → vespa → papel.
Eis o resultado!
1
Aércio L.
Batista Leitão mudou-se para a quinta cheio de esperança. Ao entrar no celeiro, tropeçou numa pequena rolha e quase caiu. Depois, derrubou o almofariz da avó, espalhando as sementes e as ervas no chão. Entretanto, o velho despertador tocou alto, lembrando-o das tarefas do dia. Ao sair, chutou uma bola de ténis, que rolava pelo caminho, enquanto uma vespa zumbia sobre as flores e pousava num papel amassado. Batista suspirou, rindo: a vida na quinta prometia aventuras.
2
Diogo B.
O senhor Leitão foi ao restaurante. No meio da refeição, foi à casa de banho. Quando se levantou, escorregou numa rolha, perdeu o equilíbrio e derrubou a empregada que trazia um almofariz na mão. Pediu desculpa e continuou. Pouco depois, o despertador do seu telemóvel tocou para avisar que tinha jogo. Tirou a bola de ténis do bolso e saiu. Na rua, foi picado por uma vespa. Só tinha um lenço de papel para pôr na picada.
3
Emília D.
Num restaurante, um cozinheiro estava a preparar uma refeição. Ele pôs o leitão numa travessa, tirou a rolha a um vinho e juntou-o aos temperos que colocou no almofariz. Quando o despertador tocou, tirou do forno uma batata que parecia uma bola de ténis. Para terminar a receita, pegou na velha picadora que a trabalhar zumbia como uma vespa. Por fim, polvilhou toda a travessa com uma camada de queijo fina como papel. Ficou realmente muito bom.
4
Fernando D.
André Leitão ganhou um campeonato. Para comemorar, abriu uma garrafa de champanhe. A rolha voou tão alto que ninguém conseguiu vê-la novamente. Ele e a mãe foram fazer o almoço. Enquanto ela triturava o alho no almofariz, escutaram o despertador tocar, indicando que as batatas estavam prontas. Depois do almoço, Leitão foi jogar ténis. Chegando lá, foi atingido por uma bola de ténis. Junto com a bolada, veio uma vespa que o picou, cumprindo o seu papel.
5
Flor V.
Fui ao campo com os meus pais, vi um leitão. Voltando, parámos num restaurante. Eles pediram vinho, mas a rolha não saía. Espreitei pela janela da cozinha e vi a cozinheira a picar alho no almofariz. Tivemos um bom jantar. Fomos para casa. Dormi cedo. No dia seguinte, acordei com o despertador, vesti-me e fui para a escola com uma bola de ténis laranja. O meu pai foi-me buscar de Vespa. Peguei num papel e escrevi isto.
6
Isaac V.
No outro dia, fui à quinta e vi que o meu leitão estava triste. Percebi que a mãe dele tinha morrido. À hora de almoço, preparei o vinho, tirei a rolha e reservei. Esmaguei os alhos no almofariz para a açorda. No dia seguinte, o despertador tocou às nove. O meu cão acordou, pegou na bola de ténis e começou a brincar. Depois fui às compras na minha Vespa e comprei muitos rolos de papel de embrulho.
7
Leonor P.
Era um dia comum no mercado onde trabalho. Pessoas passam com caixas de leitão e vinho que parece bom, mas sabe a rolha. Passei pela prateleira dos cereais e vi um almofariz no chão. Quando o ia apanhar, ouvi o despertador e acordei. Foi tudo um sonho, parecia que tinha sido atingida por uma bola de ténis. Como estava atrasada, vesti-me, comi e fui na minha Vespa, agora acordada, para o mercado para cumprir o meu papel.
8
Maria Inês F.
A mãe gritava para tirarem o leitão do forno. O pai dizia que a rolha não cheirava bem e que o vinho cheirava pior que a salsa que estava há um mês no almofariz. O despertador dizia que a manteiga já estava derretida. Uma bola de ténis segurava a Vespa miniatura do filho para não cair ladeira abaixo. Então chega a avó e diz “Que confusão! Agora sou eu que faço a comida!”, cumprindo o seu papel.
9
Maria M.
A Matilde Leitão estava cansada porque já era tarde. Enquanto jantava, viu uma rolha caída ao lado do sofá. Arrumou-a e foi dormir. No dia seguinte, quando acordou, ajudou a mãe no almoço. Usou um almofariz para esmagar os temperos. Enquanto almoçavam, tocou o despertador para ir ao treino. Agarrou numa bola de ténis e na raquete e foi com a mãe na Vespa. Quando chegou, entregou ao treinador o papel da autorização para o torneio feminino.
10
Naiara S.
Num jantar, um leitão era cozinhado. O marido tirava a rolha com um pequeno saca-rolhas, servindo o vinho enquanto a sua esposa picava o alho no almofariz. O filho mais velho prestava atenção ao despertador do fogão. O do meio brincava com o mais novo, jogando com a bola de ténis no quintal cheio de flores, o que levou a casa a ser invadida por uma vespa, que logo foi morta com um papel de jornal enrolado.
11
Ricardo B.
O senhor Leitão era um resmungão. Só o acalmava um bom vinho, mas o que bebia sabia a rolha. Então começou a resmungar ainda mais. O pior foi quando tropeçou num almofariz perdido pelo chão enquanto o despertador apitava porque era hora de ir ao treino de ténis. Entretanto, lembrou-se que tinha encomendado uma bola de ténis nova. Alguns minutos depois, chegou o carteiro de Vespa e entregou-lha com o papel da fatura. Jogará ele sem resmungar?
12
Tomás M.
Certo dia, a minha mãe preparou um belo leitão. Abriu uma garrafa de vinho e tirou a rolha. Usou um almofariz para bater os alhos. De repente, acordei com o despertador e a mãe chamou-me para ir ajudá-la. Quando ia a entrar na cozinha, escorreguei numa bola de ténis e, para me correr pior o dia, andava uma vespa no ar que me picou. Fui então buscar um papel molhado para pôr na picada porque me doía.
