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Após a leitura e análise do poema “Ó sino da minha aldeia”, de Fernando Pessoa, os alunos dedicaram 77 palavras ao sino. Eis o resultado.

O Sino

1

Madalena N.

Erguido no alto da torre,

solitário e firme,

fala o sino.

 

Pesa o silêncio, tornando-o som.

Mas o som é mais do que apenas barulho;

é uma lembrança de que estamos aqui,

no mesmo instante,

a viver o mesmo minuto.

 

O sino é a voz

que fala para todos

e por todos nós.

 

Mas ninguém pára para ouvi-lo.

 

Quando o seu toque final

deixa de ressoar,

o sino, tristemente,

volta a aguardar

a hora certa para falar.

2

Naíma R.

Ó sino, sino da minha vila,

já voltaste a tocar afinado,

apenas torço para que

não seja a finados.

 

O teu toque é escandaloso,

irritante muitas vezes,

mas também tem

sentimentos escondidos.

 

Podes anunciar as horas

ou, por vezes,

anunciar lágrimas,

ou uma bela nova esposa.

 

Ó sino, tu que me trazes ódio,

mas também a esperança 

do amor.

 

Ó sino,

o teu toque

é alegre ou triste?

As lágrimas

que daqui consigo ouvir

são de sofrimento?

3

Matilde F.

Ó sino velho,

tocas quando chego,

tocas quando abalo.

 

Ó sino velho,

em ti nunca reparei

e um poema te escrevo.

 

Ó sino velho,

como é que me despertas

tal sentimento?!

 

Ó sino velho,

a cada badalada tua

distancias-me de um sonho 

que já foi realidade.

 

Ó sino velho,

o teu som arrastado

traz-me conforto,

traz-me tristeza e felicidade.

 

Traz-me saudade…

 

Saudade do que já fui

saudade de algo

que nunca voltarei a ser.

 

Ó sino velho!

4

Miguel S.

Ó sino,

Lembro-me de quando

Era pequeno

No tempo em que

Podia divertir-me

Em que não havia TPC

De quando era livre

E ia à catequese rezar

Ouvia cantar

Estava sempre a sorrir

Ó sino,

O teu toque ativa a minha nostalgia

Faz-me rir de saudade

De quando sentia alegria

De fazer o que queria

Imaginar era tudo

Não havia limites na criatividade

Ó sino,

Fiquei com mais idade

Mas tenho memórias

Que serão para sempre relembradas

5

David M.

Só me fazes sofrer

Cada vez que te ouço

Só me apetece morrer

 

A dormir belissimamente

A minha merecida sesta

Vais tu sorrateiramente

E transformas-te em festa

 

Dantes eras conveniente

Eras importante

Mas com as novas tecnologias 

Tornaste-te agoniante

 

Tens tantas coisas más

Mas até te acho bonito

Cada vez que saio à rua

Vejo-te, ó sino!

 

Não sei com acabar o poema

Só me fazes trabalhar

Vai arranjar o que fazer

E pára de me chatear.

6

Tomás C.

Angustiado

 

Ao ouvir o teu badalar,

penso no tempo

que está a passar

e no que poderia ter acabado.

 

Depois de tocares,

ouve-se o silêncio da noite 

que se vem instalar,

onde o vazio já lá está.

 

Como uma birra

de uma criança

ouço-te por todo o lado

lento como um caracol.

 

Com o teu soar,

a minha alma fica fria,

mas ao encerrar

fico feliz.

 

Sei que aqui vais

permanecer,

para tocar 

a outros como eu.

7

Rodrigo P.

Ó sino da minha igreja, quando tocas,

tento perceber se são as horas,

se é um dia especial, um falecimento…

 

Tantas vezes consegues despertar

duas lembranças especiais na minha vida,

os falecimentos do meu pai e avó.

Cada batida tua é uma lembrança deles.

 

Acordo todos os dias contigo, ó sino,

e todos os dias os recordo.

Lembro-me de Portel acordar triste

como disse a mãe de uma colega de turma.

 

Mas tenho as memórias boas comigo.

8

Leonor C.

O sino,

Bem discreto,

Belo e elegante

Parece tão delicado,

Mas é forte 

E chamativo

E ainda,

Sereno e calmo 

De certa forma

Dá também 

Uma sensação boa 

Quando o ouvimos tocar

No Natal, nos casamentos,

Ou o simples toque

Que conta as horas

O sino,

Tocando todos os dias,

De meia em meia hora

Desde as sete até 

Às dez e meia,

Todos os dias

Será que também 

Não se cansa?

E se um dia parasse?

9

Samuel R.

Ó sino, meu relógio, 

na hora certa é quando tocas.

 

Estejas mais a Sul 

ou mais a Norte 

a badalada é o teu forte.

 

Em qualquer canto ou esquina 

ouve-se a tua batida.

 

Pareces o meu despertador 

toca e toca sem parar,

esteja eu a correr ou a andar 

consigo ouvir-te a badalar. 

 

O teu aspeto é como 

um cone feito de ferro 

que está em cima 

de uma igreja.

 

Ó sino, és a melodia 

da nostalgia.

10

Martim G.

Ó sino da minha vila,

não gosto das tuas badaladas,

mas preciso de ti,

sem ti não sei as horas,

se há missa

ou quando devo rezar.

 

Ó sino,

às vezes não me deixas dormir,

mas obrigado pelos teus avisos 

embora as tuas pancadas

me deem dores de cabeça. 

 

Ó sino ferrugento,

és forte como a raiz de uma árvore 

e és chato como um bebé a chorar.

 

Ó sino maçador,

às vezes, até gosto de ti!

11

Simão P.

Quando o sino ouço

o Natal faz-me lembrar

a época do ano

de que mais gosto.

As prendas,

o amor,

as histórias

são a melhor coisa

que se pode ter.

Adoro a estrelinha

em cima do pinheiro,

as badaladas do sino,

o quentinho da lareira,

o frio da rua.

Lembra-me o inverno

de quando se está

na escola com frio

e o sino a tocar

e só se quer ir para casa 

comer a comidinha dos avós.

12

Miguel F.

Toques do sino

 

Sino da minha aldeia,

Tu que avisas as horas,

Estás lá nos momentos felizes,

Estás lá nos momentos tristes.

 

Posso não pensar muito em ti,

Mas sempre que oiço

As tuas longas badaladas,

Sinto uma tranquilidade na alma.

 

Às vezes surpreendes-me

Quando estou perto da igreja.

E outras vezes estamos reunidos

Para ouvir a tua melodia afinada.

 

Importante, melancólico e alegre

Todas estas características

num simples sino.

Isto é o que te faz especial.

13

Margarida C.

Pendurado naquela igreja

 

Há muito que fora brilhante

Mas o seu brilho foi ofuscado

Por sujidade de anos passados

 

Lá de cima

Diz-nos sempre as horas

Com pancadas que soam

Em toques afinados

 

A sua melodia ouve-se

Em casamentos ou funerais

Como uma sinfonia

A alegrar ou desalegrar

 

Na Pascoa, Natal, Ano Novo

Celebrações que com a sua música

Me recordam momentos divinos

 

Escuteira sou e com ele cresci

Nesta grande comunidade

As minhas promessas lhe fiz

14

Isabel R.

Sino, ó lindo sino

Sino, ó lindo sino
tão melodioso soas
e ninguém te dá ouvidos

Sino, ó lindo sino
esbelto te aparentas
e ninguém te dá atenção

Sino, ó lindo sino
antes um relógio eras
e agora atrasado soas

Sino, ó lindo sino
boas memórias me lembras
dantes pequena, agora crescida

Sino, ó lindo sino
o meu coração vibra

ao ouvir o teu som

Sino, ó lindo sino
observo-te e admiro-te
com um sorriso, um suspiro

15

Madalena C.

Ao longe ouço o sino 

 

Ouço-te ao longe 

Desde pequenina, 

Mas já não tens

A mesma vibração.

 

Quando te ouço,

Cada vez tenho 

Mais saudades.

 

No Natal menos te quero,

A mesa denúncia 

Ausências importantes.

 

Podia ter mais memórias

Do que as que criámos juntas,

Mas lembro-me delas

Com todo o carinho.

 

No dia que me deixaste, 

O sino não parava

De badalar triste.

 

Das memórias mais bonitas

Que tivemos em comum,

Recordo a primeira viagem

Juntas!

16

Lourenço M.

Da igreja ouve-se o sino

Por vezes desperta

Por vezes acalma

Por vezes informa sobre a hora

 

Transmite um sentimento de vazio

Mas também uma sensação de alegria

Principalmente quando temos companhia

 

O som do sino une as pessoas 

Nas grandes festividades

Como no Natal, Páscoa ou Carnaval

Ou também na hora da missa

 

O sino enorme vê-se lá em cima

No alto da igreja sempre a tocar

E quando passo por ele 

Ponho-me logo a olhar

17

Filipa R.

O sino que toca na aldeia

 

Sino da minha terra,

Lembras-me muita coisa

Que eu não consigo explicar.

 

Lembras-me o Natal

Na casa da avó

E toda a família reunida.

 

Lembras-me as tardes

De verão, animadas e 

Cheias de alegria.

 

Quando chego da escola, 

Estás a tocar, eu já sei

Que são horas de lanchar.

 

Estás cá na aldeia

Há muito tempo e

Continuas a funcionar.

 

Tens um significado 

Especial para aquele 

Que te ouve a soar.

18

Ricardo G.

Ó sino da igreja,

Que afinado tu és

Sempre que te oiço

Fazes-me lembrar o Natal

 

Também me lembras

As festas da vila

E se me perder

És tu que me encontras

 

Quando és ouvido

Tens todos os olhos em ti

Quem a igreja visita

Fica com saudades tuas

 

As tuas badaladas marcam

De forma a não serem esquecidas

As pessoas que te veem não te esquecem

Pois tão lindo e afinado como tu não há igual

19

Mariana C.

Ouço o sino lá longe

Tem badaladas fortes

No Natal o som dele

Tem outro significado

É mais alegre

É mais vibrante

É nessa altura

Que me lembro de Belém

E faz-me sentir

A saudade mais perto

Saudade

De um jantar com a família junta

Das prendas

Das brincadeiras

Das gargalhadas

Lá fora não há estrelas

Vejo a neve a cair

Ouço o sino a tocar

Cá dentro estou quentinha

Enrolada na manta

Com a minha gatinha

20

Tomás C.

Lembranças em badaladas

 

É um toque que ecoa

Por toda a minha vida

Numa tarde de domingo

Sentindo a calmaria

 

Quando o ouvia tocar

Sabia que era tempo

De a missa começar

E ouvir o padre falar

 

Lembro-me de quando era

A época de Natal

E eu ouvia as músicas

Com o sino a soar

Eu com os meus amigos a cantar

 

Lembro-me bem do sino

No casamento a tocar

E da noiva na igreja a entrar

21

Inês P.

Quando oiço o sino

Lembro-me de quando era criança 

Ele tocava e eu dançava 

 

Quando perto do sino passava

Punha-me a analisar 

Como podia ele tocar

Se ninguém junto dele estava 

 

Por vezes era de irritar 

E em vez de dançar 

Só me apetecia gritar

 

Se houvesse um casamento

À rua eu saía

Para ouvir o sino a tocar

 

Quando tocava muitas vezes

Já sabia que coisa boa não era 

E saía para descobrir o que acontecera

22

Bernardo R.

Meu sino,

O teu ferro reluz

Sob a luz do sol

À noite, ao luar

És coberto pela penumbra

O teu soar

É invocado inúmeras vezes

Há dias em que é vibrante

Há dias em que é religioso

Há dias em que cobre

A vila de tristeza e pesar

És um símbolo de união e de fé

E símbolo da vida a esvair-se das mãos

As tuas badaladas alegram

Mas torturam a alma com dor e melancolia

23

Inês C.

Raio do sino,

Quando toca, tudo estremece.

Nunca ouvi barulho tão cretino,

Aquelas badaladas só me causam stress.

 

Todas as minhas noites são interrompidas

Por badaladas que para alguns são sentidas.

Só me preocupo quando tocam a finados

Aí sim,  é caso para ficarmos preocupados.

 

Em dias de casamento tocam mais felizes

Anunciam nova união.

Os que moram perto da igreja,

Esses sim ficam mais infelizes

Com tamanha confusão.

Não simpatizo nada contigo, ó raio do sino!

24

Maria S.

Ó sino, porque não páras de tocar? 

Não sei ao certo o que me fazes sentir 

Mas lembras-me o passado 

O passado em que perguntava à minha avó 

O porquê de tocares a toda a hora 

 

Eras um enigma na minha cabeça 

Mas agora percebo a tua existência 

 

Tu tocas por vários motivos 

Para dares as horas,

Para anunciares a alegria,

Para anunciares a tristeza, 

Para anunciares uma perda,

Mas digo-te uma coisa 

És irritante, ó sino

25

Martim P.

Quando éramos pequenos 

Só queríamos crescer

E agora que o sino 

Toca ao entardecer

Percebemos que está a acontecer 

Sem nos apercebermos 

À medida que o tempo passa

Enquanto dou toques afinados

Na minha guitarra

Ouço da janela

O toque a finados

Do sino da minha terra 

O incerto sino

De muitos significados 

Traz lembranças mistas

De festividades e atividades 

Até avisos importantes 

E perdas lastimáveis

Em tempos antigos 

O sino era imprescindível 

E ainda o é 

26

Matilde C.

Sino, meu querido sino

O teu toque

Desperta a freguesia 

A subida ao altar

Faz-me sonhar

E sentir o amor a nascer

Já o fim de certas vidas

Provoca-me desespero

E as tuas badaladas

Fazem estremecer fortemente

A minha alma 

Por mais longe que estejas

Oiço de perto

O teu esplendor angustiante 

Do teu som sinto receio

Receio o futuro

A cada pancada tua

Menos um dia de amores

De dores

E de vida

Vida extremamente sofrida

27

Tomás L.

Ó sino,

Tu soas

Como as andorinhas

Na primavera

E cantas

Nas velhas aldeias

E nas grandes cidades

 

Ó sino,

Todos sentem

A tua presença

Tu voas a tocar

 

Ó sino,

Todos dormem

Com o teu embalar

E acordam contigo a berrar

 

Ó sino,

Tu fazes chorar

Com o teu cantar

 

Ó sino,

A cada pancada tua

Começam as abelhas  a trabalhar

E as ovelhas a berrar

 

Ó sino,

Há dias em que ninguém

Te consegue aturar

No dia em que o caldo se entornou…

Em 77 palavras apenas, os alunos ginasticaram a sintaxe, escrevendo um texto começado por uma expressão idiomática, onde cada frase só podia ter 11 palavras.

01

Bernardo R.

No dia em que o caldo se entornou, a vida piorou. O meu instrumento, o meu violino que tanto me custou, partiu-se. Berrei, chorei, gritei, mas nada adiantou, tentei colá-lo, remendá-lo, nada ajudou. Só piorou, então protestei, lamentei, estremeci, caí em profunda melancolia, berrei. A minha felicidade escorregou, esvaiu-se das minhas mãos, ficara sem nada. Nessa altura, a rua foi a minha casa, o meu abrigo. As migalhas foram o meu alimento, as vozes, o meu entretenimento.

02

Inês C.

No dia em que o caldo se entornou, o carrossel abanou. Eu estava toda pomposa, andando no carrossel da Feira de Setembro. Já estávamos a girar pelos ares e a minha amiga calada. Estranhei a rapariga mais escandalosa que eu conheço nem sequer gritar. Reparei então que ela não estava a sentir-se bem, mas calei-me. Com a agitação do carrossel, ela acabou por chamar o Gregório. Fiquei furiosa, estragou-me a noite e a roupa com aquela imundice.

03

Inês P.

No dia em que o caldo se entornou, uma amizade acabou. Não esperava que uma saída ao parque acabasse com aquela relação. Foi um mal-entendido que fez com que eu ficasse muito triste. Fiz tudo para aquela amizade não acabar, mas não dava mais. O que eu dizia era sempre muito deturpado da parte dele. Tudo mudou desde aí e vi que não precisava daquele relacionamento. Depois desse momento, senti-me com um peso a menos na vida.

04

Leonor N.

No dia em que o caldo se entornou, pulei da janela. Naquela noite, o meu irmão e eu tivemos uma grande discussão. Pouco tempo depois, a minha mãe entrou no quarto bastante enervada. Ela gritou muito connosco e, logo a seguir, mostrou-nos o cinto. Perguntou-nos qual dos dois queria levar primeiro e apenas ficámos calados. Ela aproximou-se e eu corri imediatamente para a janela e fugi. Corri até à casa dos meus avós e por lá fiquei.

05

Maria S.

No dia em que o caldo se entornou, tudo nele mudou. Eu pensava que aquele dia seria fantástico até algo ter acontecido. Uma crise de ciúmes ia dando no fim de um relacionamento. Ele exaltou-se, mandou-me mensagens que, por algum motivo, eu não recebi. Tentei explicar-lhe o que tinha acontecido, mas não foi muito fácil. Ele julgou que eu o tivesse traído e quis terminar comigo. Eu não deixei, falámos melhor e, no final, ficou tudo bem.

06

Martim P.

No dia em que o caldo se entornou, só queria desaparecer. Embora só tivesse 12 anos, saí às escondidas para me divertir. Vesti a minha melhor roupa e saí em direção à festa. Já estavam todos a dormir, por isso, fechei a porta devagar. Encontrei-me com a Maria Madalena e fomos para a festa juntas. O lugar estava bastante aninado e movimentado, dancei e diverti-me muito. Quando regressei, ao abrir a porta, tinha a minha mãe esperando-me.

07

Tomás F.

No dia em que o caldo se entornou, tudo se queimou. Das casas à floresta, ardeu tudo, sobrando apenas cinza e destroços. Isto começou a partir de uma brincadeira com fósforos e folhas. A curiosidade de um jovem muito explorador foi posta à prova. Após a brincadeira, não se apercebeu de que queimara o jardim.  O fogo alastrou às casas vizinhas e chegou rapidamente à floresta. Graças aos bombeiros, o incêndio foi extinto, os vizinhos perderam tudo.

08

Carolina P.

No dia em que o caldo se entornou, a festa acabou. Tudo parecia correr bem no casamento de Briolanja até algo mudar. João, um amigo da noiva, de repente falava em altos berros. Começou a alegar que vira o noivo aos beijos com outra. Briolanja ficou muito destroçada e foi tirar a conversa a limpo. Apontou o dedo indicador, o noivo confessou, traíra-a com a Joana. Esta era a sua irmã caçula, Briolanja acabou com o casamento.

09

Filipa R.

No dia em que o caldo se entornou, parti o pé. Estava a ajudar a minha mãe com as pinturas da casa. Pintei o meu quarto e depois ajudei a pintar a sala. A minha mãe pintava uma parede e eu pintava a outra. Estava em cima de um escadote, mas as minhas pernas tremiam. Eu estava com medo de cair, pois não tenho muito equilíbrio. Até que caí mesmo do escadote e ele também foi atrás.

10

Joaquim C.

No dia em que o caldo se entornou, um acidente aconteceu. Uma tourada que tinha tudo para dar certo tornou-se um pesadelo. Um touro com um físico de outro mundo saiu à rua. Durante metade do tempo do espetáculo, tudo estava a correr bem. Havia recortes realizados por muitos homens experientes e aficionados das touradas. Até que dois homens falharam um recorte, foram colhidos pelo touro. A população entrou em pânico pela situação, a tourada foi encerrada.

11

Madalena C.

No dia em que o caldo se entornou, tive um acidente. Um senhor guarda é que me veio socorrer por ter dores. Ligou imediatamente para o 112 e fui direta para o hospital. Fraturei três vértebras, o fémur da perna esquerda e quatro dedos. Fiquei internada meses e os médicos queriam que ficasse mais tempo. Eu detesto hospitais, por isso, preparei secretamente uma tentativa de fuga. Quando ninguém circulava pelo quarto, saltei da janela, mas estraguei tudo.

12

Miguel F.

No dia em que o caldo se entornou, fiquei de castigo. Estava a brincar com a minha irmã quando um acidente aconteceu. Tentei acertar-lhe com o comando, mas errei e parti a televisão. O porquinho-da-índia gritou e escondeu-se, nós ficámos apenas de boca aberta. Quando os nossos pais chegaram a casa, ficaram vermelhos de raiva. Bateram-nos aos dois e trancaram-me no meu quarto durante duas semanas. No final, ambos tivemos que pagar uma televisão novinha em folha.

13

Tomás C.

No dia em que o caldo se entornou, fui preso injustamente. Estava a passear no mercado quando reparei num homem bastante suspeito. Ele roubava um senhor idoso, que estava a vender peras frescas. Gritei para o ladrão parar, então o criminoso começou a fugir. Fui atrás dele pelas ruas, quando encontrei dois guardas, mandaram-me parar. Perguntaram-me o que eu andava a fazer, disse-lhes o que aconteceu. Mas eles não acreditaram e prenderam-me, confundindo-me com um outro suspeito.

14

Ana V.

No dia em que o caldo se entornou, fiquei muito triste. O meu avô foi para o hospital em estado muito grave. Parecia que a casa estava completamente vazia, sem as nossas brincadeiras. Mas eu sabia que ele era forte e iria ultrapassar tudo. Foram dias muito difíceis para a minha família, sempre muito preocupada. Entretanto o meu avô melhorou, veio para casa sorridente e abraçou-me. A minha felicidade voltou de novo e foi-se embora a tristeza.

15

Leonor C.

No dia em que o caldo se entornou, o passarinho fugiu. E não foi apenas porque a porta da gaiola estava aberta. Foi porque a janela da cozinha ficou aberta para entrar claridade. A família andava muito distraída e não reparou no pequeno incidente. Depois de algum tempo muito ocupados, todos repararam na gaiola vazia. Entraram em pânico, mas parece que Deus não os deixaria sofrendo. Pois acontece que o passarinho rapidamente voltou para casa com medo.

16

Madalena N.

No dia em que o caldo se entornou, alguém foi enganado. Ulisses, farto da esposa reclamando da torneira a pingar, resolveu surpreendê-la. No aniversário de casamento, como presente, arranjou-lhe a maldita torneira velha. Ao ver a surpresa, a esposa agradeceu com a respiração ofegante. Uns minutos depois, ouviu-se a campainha de casa a tocar insistentemente. Ao abrir a porta, Ulisses viu o canalizador com um buquê. Afinal de contas, a sua esposa queria outro homem como prenda.

17

Matilde F.

No dia em que o caldo se entornou, aquela casa desabou. A avó Alberta o jantar desperdiçou porque a porta aberta deixou. O Bolinhas, o gato da vizinha, pela cozinha entrou, cheirou-lhe bem. Aproximou-se da panela e, como podem imaginar, isto bem não acabou. Alberta foi ver do caldo e com uma tragédia se deparou. Uma magnífica sopa o gato derramou, por todo o chão ficou. A velha, com fome e sem caldo, o gato cozinhou, gostou.

18

Naíma R.

No dia em que o caldo se entornou, soube-se a verdade. Quando Carla revelou a traição, até a tijela acabou no chão. Mário ficou chocado sobretudo assim que soube a identidade do amante… No segundo seguinte, Mário agrediu o amante, seu irmão, com força. A polícia foi chamada e o Mário foi levado e processado. No momento em que ele foi libertado, procurou Carla com precaução. Mas já estava casada com um primo de Mário, que desastre.

19

Santiago S.

No dia em que o caldo se entornou, a Sissi chorou. A irmã torturou-a com as suas imensas bonecas Barbie sem cabeça. Foi uma tortura tal que o estojo de maquilhagem ficou destruído. Até o computador parecia aterrorizado, com parte do teclado luminoso partido. Enquanto as duas se matavam, a mãe subia furiosamente as escadas. Quando viu a guerra montada no quarto, mandou-as arrumar tudo severamente. E a Sissi enterrou-se nos seus pensamentos mais profundos e negativos.

20

Tomás C.

No dia em que o caldo se entornou, a decoração mudou. Estávamos a chegar a uma data mesmo muito especial, o Natal. A minha família e eu decidimos decorar a árvore de Natal. Um bonequinho ali, luzes a enfeitar, a estrela em cima brilhando. Fizemos um grande e árduo trabalho em equipa, valeu a pena. Durante a noite, os meus amigos felinos resolveram brincar, destruindo tudo. Logo de manhã, encontrámos a árvore estendida no chão e despida.

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